Um coração de ouro só pode reluzir na simplicidade da palha; esse era o material que revestia o berço do menino. É também essa a imagem e a visão daquilo em que todos nós nos devemos transformar.
Um coração de ouro só pode reluzir na simplicidade da palha; esse era o material que revestia o berço do menino. É também essa a imagem e a visão daquilo em que todos nós nos devemos transformar.
Um novo olhar é necessário sobre este tema. Uma nova compreensão necessita ancorar em nós, de modo a que possamos compreender a razão primeira e última do processo ascensional.
Aos olhos da nossa personalidade, a vida é feita de escolhas e a cada instante temos que pesar em nós o que realmente é importante e essencial para a nossa caminhada neste mundo.
Nas antecâmaras do tempo, ecoa ainda hoje o Sim que todos nós pronunciámos quando nos foi perguntado se estávamos dispostos a servir no planeta a que damos o nome de Terra. De diferentes moradas cósmicas, de diferentes quadrantes deste Universo-Mãe, legiões de seres deslocaram-se para aqui com a tarefa de ajudar na elevação deste sistema a uma dimensão eléctrica e não mais fricativa, permitindo que a Kundalini do Logos Planetário pudesse subir do seu Plexo Solar, onde se encontra actualmente polarizada, para o Chacra Cardíaco onde irá estabilizar após as mudanças que se avizinham.
Este vazio que nos toca sempre que a Alma se apresenta diante das nossas dores, sorrindo-nos como que percebendo a acção benigna desse grande alquimista que tudo transforma, é a maior graça que um ser pode receber, pois ali está a Cura de toda a sua ancestralidade e o resgate final que o consagrará no altar do Amor.
No cosmos, a comunicação é feita por aquilo que se conhece como sistema de espelhos, que permite que a energia flua sem distorção, imaculada, mantendo o seu timbre e a sua nota programática e arquetípica. Este sistema é o ponto de equilíbrio do próprio universo onde nos encontramos, seja um planeta, um sistema solar, uma galáxia ou o cosmos como um todo. Ele é a garantia de que a Voz do Pai se faz ouvir em cada recanto da sua manifestação. Todos os outros sistemas de comunicação são falíveis e passíveis de ser interferidos por núcleos involutivos, mas não os espelhos. É por essa razão que a Hierarquia apenas usa o sistema de espelhos para a sua comunicação.
A senda do discípulo, como vem sendo referido ao longo dos tempos em toda a tradição esotérica que vem desde Blavatsky, sempre foi um trilho estreito. Um trilho de muitas provações em que esse mesmo discípulo era testado na sua fé, entrega e aspiração, até se encontrar com o Mestre e neste se integrar. A estadia no deserto não é apenas uma metáfora bíblica, onde Jesus foi tentado nos seus próprios desejos até se limpar de todos eles e assumir a tarefa que lhe correspondia, mas uma realidade interna em todos nós. Estar nesse deserto é estar na solidão de uma dor ancestral que transportamos de muitas encarnações e que precisa de ser curada. Mas este é um processo solitário, por mais que sejamos acompanhados de outros planos.
Um retiro não deve ser visto por nós como uma oportunidade para nos isolarmos do mundo na busca da tranquilidade que nos falta nos meios urbanos onde vivemos. Um retiro não é um passeio pelo campo, um retorno à natureza e muito menos um meio de fugir dos problemas do mundo, na ilusão de que estes serão resolvidos se permanecermos isolados.
Quando assumimos de uma forma consciente a direcção por nós há muito determinada, quando o Sim interno ressoa profundamente na antecâmara do Eu Superior, assumindo uma forma esférica e cristalina, todas as forças contrárias a esse movimento despertam de uma longa sonolência.
Ao contrário do que a mente colectiva da actual civilização possa definir como sendo o Serviço, servir não é fazer coisas, não é ajudar de uma forma cega movido pela vontade humana e pelas ideias instituídas sobre como essa vontade deve ser direccionada ou aplicada. E basta olhar o mundo onde vivemos para observarmos o triste cenário do resultado dessa mesma vontade.
No desenrolar do processo humano, na sua crescente não identificação com as coisas deste mundo, não pela sua negação, mas pela superação em nós de todos esses apelos, a impessoalidade é essencial como forma de transcender apegos e cortar as teias relacionais que nos escravizam por não sabermos, ainda, ver no outro o seu verdadeiro rosto.
O silêncio é a nota profunda e imaculada do nosso estado original. É a Voz da eternidade debruçada sobre o tempo; um doce murmúrio que Deus sussurra em nosso ouvido. É uma suave fragrância da Alma que preenche o vazio onde tudo se manifesta. Um aroma sagrado que abre nos nossos corações o espaço necessário para que possamos ouvir a Voz da Eternidade... aquela que nos fala do Verdadeiro Ser que somos e da Morada que nunca deixámos.