Que possamos neste novo ano silenciar e permitir que a dimensão da Alma se faça cada vez mais presente na simplicidade da Vida. Que nos entreguemos aos momentos que a Vida nos traz, em alegria e gratidão, sem construir nenhum personagem como fuga a essa realidade, pois toda a construção da mente, mesmo que brilhando em néons de espiritualidade, é uma ilusão.
Que neste ano que se inicia paremos de buscar novos “calendários” e datas especiais, como se as respostas estivessem fora e não dentro, que paremos de nos iludir com teorias conspirativas que nos aprisionam em senzalas psíquicas de onde dificilmente conseguiremos sair, de tão bem urdidas que estas são pelas forças que delas se alimentam, que paremos com todas as desculpas e justificações que nada mais são que alibis da mente que nos retiram do momento presente, transferindo para os ombros dos outros as culpas das dores que transportamos, quando todas elas são apenas o reflexo das nossas próprias escolhas, para que, então sim, possamos olhar a Vida de frente, sem medo, sem culpa, sem fugirmos de nós próprios na encenação de uma espiritualidade que não pode ser construída, pois a única coisa que nos compete viver é o despertar pleno do Ser. E isso acontece aqui, neste instante que se faz presente, sem nenhuma história para contar, sem nenhum enredo ou segredo para desvelar, sem nenhum palco, encenação, espetáculo; apenas o respirar da Vida em nós na certeza, absoluta e inquestionável, que tudo está no seu ponto de realidade exacto.
Para este ano desejo-vos a Paz que desabrocha na simplicidade da vida quotidiana e na entrega incondicional à Vida, sem procurarmos o que quer que seja, para que então, nessa abertura que resulta do nada querer, a Alma se faça presente e tudo realize em nós e através de nós.
Quando isso acontecer a busca espiritual termina, a necessidade de ascender para outras dimensões torna-se uma brincadeira de criança; as tarefas, os desígnios, os propósitos, os portais que se abrem e se fecham, tornam-se meros jogos que nos mantiveram entretidos enquanto presos atrás das grades da nossa própria ignorância, mas que se revelam inúteis e vazios de significado quando as portas dessa prisão se abrirem e respirarmos pela primeira vez os aromas da Verdadeira Liberdade.
E só então é que poderemos dizer, finalmente, que Despertámos.
Paz Profunda,
Pedro Elias
Imagem de capa: Vitruvian Woman
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